
Travei diante de situações, travei diante de escrever hoje.
Veja só o que a falta de um bom vento não faz.
Que venha invadindo a sala e toque aqui meu rosto, venha vento já não te vejo, já não te sinto, já não é mais poesia louca que faz sentido em minha vida.
Hoje o céu está parado, eu o parei quando deixei de sentir este vento. E será que deixei?
Este mesmo vento esteve presente numa outra ocasião quando escrevi ardentemente sem pressa.
Será que o vento foi embora e levou numa revolta minhas palavras? O que me inspira hoje já não é o que ontem inspirava e ainda vejo claramente quão belo pode ser expresso.
Estou como melodia sem letra por mais graciosa que seja não tem o mesmo poder para aquecer um coração, é como uma canção de ninar, e porque ouvi-la se não existe vento para me levar ou trazer... . Não basta escrever por escrever tem que ter peso de sentimentos, se eu dançasse diria que é como a dança, mas se canto digo que é envolvente, se eu tocasse eu diria que é a verdadeira expressão do silêncio... . Do silêncio interior que este vento me causou.
Peguem para mim um violão, talvez eu o faça chorar, não por tocar tão bem porque nem isso sei fazer, embora eu o faça chorar porque o vento assim apareça para secar as lágrimas que sua própria ausência me causou.
Eu procuro palavras, restos das mesmas soltas pelo ar, que eu sei ja disse o vento não ajuda encontrar, procurei pelo chão, mas o chão não é meu lugar, muito menos de minhas palavras... Por onde eu deveria procurar? Entrei em outras mentes, tentei encontrar, mas me vi roubando palavras que não eram as minhas e idéias imaturas de uma verdade criada para incentivar mentes fracas e nesse passeio sem minhas asas vi frases simples de amor, ouvi o que sempre ouvi, o que ja conhecia e nada novo me foi mostrado, vi presentes jogados fora, eu relutei mas tive que enxergar as tradições.
Eu encontrei uma mente tão brilhante quanto, capaz de parar um vento pra estar no lugar dele, naquele sussurro tirar as minhas vistas do chão, mas o cansaço de vagar anos e anos foi tão maior que desprezei a possibilidade de me deixar ir, desacreditei, eu simplesmente não me envolvi.
Será que realmente o chão agora não seja o meu lugar?
Será que as palavras foram como sementes, encontraram terra fértil?
Talvez não, ou tenha vindo uma chuva muito forte e alagado tudo, ou um vento maior ainda e feito um enorme buraco na terra, despedaçando todo e qualquer tipo de vida que poderia existir ali.
quinta-feira 22 de abril de 2010. 21:55
(Lady Dany)